"Aterroriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou bispo; convosco sou cristão"
PALAVRA DO BISPO
Mensagem do Bispo diocesano por ocasião do Dia de finados…VIVER E MORRER COM SABEDORIA…
Caros membros da diocese de Valença…
No próximo domingo, dia 02/11, a Igreja nos convida a comemorar os fiéis falecidos. Nossos corações estão repletos de memórias, nomes e rostos que impactaram positivamente nossas vidas. Mas que não olhemos para trás com nostalgia, e sim para frente com fé. Nesse contexto, desejo compartilhar uma convicção que amadureceu ao contemplar o testemunho de muitos homens e mulheres excepcionais: as atitudes fundamentais para viver e morrer com sabedoria são a confiança e a entrega.
Desde bebês, viver significa praticar a confiança em nossos pais, nossos amigos, o futuro e Deus todos os dias. Sem confiança, não podemos superar as dificuldades e seguir em frente. Viver é confiar que a vida tem sentido, mesmo quando nos sentimos sobrecarregados por seus altos e baixos; é confiar que o Pai, que nos chamou à existência, não nos abandona quando o caminho se torna íngreme. Viver é confiar que, mesmo quando caminhamos por vales escuros, o cajado do Bom Pastor nos trazem paz. Essa confiança não é ingenuidade, mas uma certeza que brota do Evangelho e que experimentamos muitas vezes ao longo de nossas vidas.
Essa confiança é nutrida e expressa na oferta de nossas vidas como um dom, como serviço, como uma resposta grata ao amor que recebemos. A confiança nos liberta do medo da perda e nos permite arriscar nossa reputação, nossos bens e até mesmo nossas vidas, para que o sonho de Deus para a humanidade se realize: que todos os seus filhos e filhas sintam o seu amor e vivam em fraternidade. Essa oferta não é uma loucura temerária, pois no Senhor encontramos a pedra preciosa, o tesouro escondido pelo qual vale a pena dar tudo.
Quando chega a hora de partir, essas atitudes revelam seu grande valor. Aqueles que confiaram e entregaram suas vidas a cada passo do caminho estavam se preparando para confiar e entregar suas vidas definitivamente. Então, como Jesus na cruz, podemos confiar nossa existência e orar: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”.
Ao recordarmos os nossos falecidos, oramos por eles e aprendemos com eles. Muitos viveram com uma fé simples, mas inabalável, com dedicação diária e generosa. A sua memória inspira-nos a não deixar passar cada dia sem amar, sem perdoar, sem construir pontes, sem nos entregarmos como Jesus fez e com Jesus. Ensina-nos também que a vida é uma dádiva que cresce quando partilhada e que a morte não é o fim, mas o começo.
Que a oração pelos fiéis falecidos renove a esperança em nós, e que, quando chegar a nossa hora, possamos dizer com São Paulo: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2 Timóteo 4,7).
Receba uma saudação muito cordial do Senhor.
Dom Nelson. Ferreira.

